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Brief

Financiamento das Soluções Climáticas no Brasil
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O Brasil possui posição estratégica no combate às mudanças climáticas. Devido a sua matriz energética renovável e diversa, o país pode liderar, globalmente, soluções baseadas na natureza e em tecnologias de baixo carbono.

A transição climática brasileira exigirá investimentos massivos, estimados entre R$ 1 trilhão e R$ 1,2 trilhão até 2030, para atingir seus compromissos anunciados. Este total compreende cerca de R$ 800 bilhões para transição energética e R$ 400 bilhões para soluções baseadas na natureza.

Escrito em colaboração com

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A disposição do mercado em financiar soluções de transição climática ainda é limitada, sobretudo em setores emergentes ou com maior complexidade técnica. Esse desinteresse reflete uma equação risco-retorno ainda desbalanceada para grande parte das soluções climáticas, resultado da baixa maturidade de quatro pilares fundamentais: padronização de normas, tecnologia, cadeia de valor e fomento institucional. 

Um estudo realizado pela Bain & Company e o BNDES identificou 15 soluções-chave para a descarbonização, categorizadas em quatro arquétipos de maturidade, em função do estágio de desenvolvimento dos quatro pilares fundamentais mencionados. Cada arquétipo apresenta desafios específicos para mobilização de capital, alinhamento regulatório e consolidação de cadeias produtivas, demandando abordagens financeiras específicas:

  • Rotas Tecnológicas Concorrentes: maior foco em subsídios e grants para pesquisa e desenvolvimento; seguros e garantias para mitigar risco de primeiros projetos; além de contratos de compra e envolvimento de incumbentes para sinalizar demanda.
  • Soluções Emergentes: equity catalítico e dívida concessional para absorção de risco de capital intensivo e mandatos de demanda para reduzir incerteza de receita.
  • Cadeias Nascentes: dívida concessional, equity estratégico e offtake de longo prazo, que promovam a integração da cadeia produtiva para redução de custos e incremento da escala.
  • Mercados em Desenvolvimento: garantias, dívida concessional e contratos de offtake para mitigar risco de demanda e escalar restauração e conservação ecológica frente a um mercado predominantemente voluntário de carbono.

O desafio de financiar a transição climática é complexo e vai além da dimensão financeira, exigindo uma combinação de ações técnicas, institucionais e de mercado adaptadas à realidade de cada solução. Não há uma resposta única que sirva para todos os contextos e soluções.

O apoio público e de instituições de desenvolvimento será essencial para destravar o financiamento climático no Brasil. Diversas iniciativas já avançam nesse sentido, como:

  • Brazil Climate and Ecological Transformation Investment Platform (BIP) - que conecta projetos a investidores privados e capital concessional, além de desenvolver mecanismos inovadores para superar barreiras críticas;
  • Eco Invest Brasil, que amplia a oferta de capital concessional em setores-chave;
  • BNDES, com potencial de atuar como orquestrador entre ações de desenvolvimento e o setor privado, alocando recursos estratégicos para viabilizar projetos;
  • De forma complementar, bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs), fundos climáticos e iniciativas setoriais podem reforçar o apoio e ampliar as fontes de financiamento disponíveis.

Direcionar capital concessional para soluções climáticas com perfis de risco mais elevados é essencial - não apenas para viabilizar os primeiros projetos, mas também para amadurecer cadeias produtivas emergentes, estruturar novos mercados e mitigar falhas estruturais que hoje afastam o capital privado. Esse investimento inicial reduz incertezas, gera referências práticas e permite que, gradualmente, as soluções atinjam escalabilidade econômica, tornando-se atrativas ao capital comercial — a exemplo do que o Brasil vivenciou no setor de energias renováveis nas últimas décadas.

Será fundamental a atuação coordenada entre os setores privado (produtivo e financeiro), público e terceiro setor para resolver desafios regulatórios, estruturar planos setoriais com visão integrada das cadeias produtivas e implementar instrumentos eficientes de fomento ao mercado. Essa abordagem conjunta alinha incentivos econômicos, reduz barreiras institucionais e consolida mercados de baixo carbono de maneira integrada, impulsionando simultaneamente a descarbonização, a resiliência socioambiental e o desenvolvimento econômico. Uma ação estruturada nesse sentido cria expectativas positivas, fomentando um círculo virtuoso de investimentos

A presidência brasileira na COP30 representa uma oportunidade estratégica para posicionar o Brasil como referência global em soluções climáticas, atrair capital adicional para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono e consolidar o país como hub de inovação e liderança em mitigação, adaptação e desenvolvimento socioeconômico sustentável.

 

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